
04 agosto 2011
15 julho 2011
12 julho 2011
Stéphane Grappelli
Stéphane Grappelli foi um grande violinista de jazz francês. Neste vídeo está a sua versão para o clássico "As time goes by" do filme Casablanca.
Quando meu amigo também violinista me apresentou a música de Grappelli fiquei deslumbrada com a qualidade do jazz francês que até então não conhecia, e especialmente com o violinista Grappelli por seu vigor e clareza impecáveis.
Ele nasceu em 1908 e faleceu em 1988. Filho de pais italianos, foi encaminhado a um orfanato após a morte de sua mãe com apenas quatro anos, pois seu pai estava ausente combatendo na Primeira Guerra Mundial.
Ele nasceu em 1908 e faleceu em 1988. Filho de pais italianos, foi encaminhado a um orfanato após a morte de sua mãe com apenas quatro anos, pois seu pai estava ausente combatendo na Primeira Guerra Mundial.
Grappelli iniciou sua carreira musical nas ruas de Paris e Montmartre com um violino.
Ele começou seus estudos de violino aos 13 anos de idade. No conservatório de Paris estudou piano entre 1924 e 1928.
Em 1940, Grappelli começou a sua parceria com o pianista inglês cego, George Shearing, e também se reunia com Django, esporadicamente até a sua morte em 1953.Fundou o Quintette du Hot Club de France com Django Reinhardt, que durou de 1934 até 1939. .
Após a guerra ele aparece em centenas de gravações incluindo as com o pianista Oscar Peterson, o violinista Jean-Luc Ponty, vibrafonista Gary Burton, o cantor Paul Simon, o bandolinista David Grisman, o violinista clássico Yehudi Menuhin, o maestro André Previn, e o violinista Mark O'Connor. Colaborou com o guitarrista britânico Diz Disley, gravando 13 álbuns e com o renomado guitarrista britânico Martin Taylor.
11 julho 2011
Pollock
Pintor norte-americano, Pollock é o membro mais destacado do expressionismo abstrato. Desenvolveu uma técnica de pintura, o dripping _ gotejamento _ onde respingava a tinta sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. O quadro "UM" é um exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro. Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela, fez nascer o borrão, ou tachismo como chamavam os franceses. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não usava pincéis, pingava, derramava, arremessava tinta sobre a tela.
Nasceu 1912, no estado de Wyoming. Começou seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para New York. Teve vários problemas com alcolismo. Em 45 casou-se com a pintora Lee Krasner, que se tornaria uma importante influência em sua carreira e em seu legado.
A arte de Pollock combina a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Com Pollock, há o auge da pintura de ação (action painting). A tensão ético-religiosa por ele vivida o impele aos pintores da revolução mexicana. Sua esfera da arte é o inconsciente, um prolongamento do seu interior.
Assisti o filme que leva seu nome Pollock: com Ed Harris dirigindo e atuando, é de 2000.
Uma vida com rompantes de fúria e auto-destruição. Pollock pintou 350 telas antes de suicidar-se jogando seu carro contra uma árvore em agosto de 1956. Um gênio rebelde que pintou obras primas.
Assisti o filme que leva seu nome Pollock: com Ed Harris dirigindo e atuando, é de 2000.
Uma vida com rompantes de fúria e auto-destruição. Pollock pintou 350 telas antes de suicidar-se jogando seu carro contra uma árvore em agosto de 1956. Um gênio rebelde que pintou obras primas.
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Cena do filme Pollock, com Ed Harris |
08 julho 2011
Olhos de Aurora
O interrompido do dia resvala
Meu pranto desperta da impossibilidade de mim
As caravanas vão entrar pela porta
Deixar o balde abarrotado cair pela escada
Cheirar minhas mãos e caminhar sob lençóis de abandono.
As virgens vão berrar baixinho
E os maridos vão me amar sem pressa
O apito do futuro toca baixo e reflete pelos muros de fumaça a desgraça de abrir os olhos
É a omissão de mim que ecoa, burguês
E sublime é a imposição do eu distante que já não quer mais ser o fundo dos olhos enganados
por fé e desespero
É o sono magoado das madrugadas claras
É o pavor de passar pelo batente e subir sem freio para o já patético anunciado
Há o choro todo do mundo que impede a rua de entrar em discórdia
Desperto para a negação de mim.
É o dissentimento, desarmonia, desconcerto
É o equivoco sábio de perder-se em não quereres
De perder-se em vídeo tapes e delírios
De achar a si e ao outro em desencontros nublosos.
Desperto já no final do luto mensageiro
Candura e desafeto de nós
Beatrice Morbin
07 julho 2011
Basquiat
Jean-Michel Basquiat foi um dos maiores artistas americanos dos anos 80. Famoso por retratar em suas pinturas uma coroa, que simbolizava _ na liguagem de grafiteiros _ que o autor do grafite era um rei.
Suas inspirações surgiam sempre de algo que estava vendo, fazia muitas telas enquanto assistia à televisão ou retratava músicos de jazz.
A conjugação disso tudo se traduz de maneira pronfunda e impactante. Com um traço caligráfico _ reminiscência da vida de grafiteiro que levava como artista de rua no inicío de carreira _ sob o pseudônimo SAMO fazia textos espirituosos pelas ruas do Soho e East Village. Outra característica é a ênfase dada aos ícones da cultura e do consumo norte-americanos com humor e ironia. Transitava por temáticas contemporâneas no limiar entre o sarcasmo deslavado e a sutileza crítica.
Em ascenção, saiu na capa do The New York Times e virou grande amigo de Andy Warhol.
Basquiat tem obras incríveis, que foram resultadas de noites em claro, pintando sob efeito de cocaína e heroína, que concederam à ele no futuro complicações que levaram à sua morte em 1988. A assinatura era sempre a mesma; SAMO "same old shit" ou traduzindo "a mesma merda de sempre".
SAMO apenas pintava com paixão o que o cercava.
05 julho 2011
Charles Bukowski
BIOGRAFIA DO VELHO SAFADO
Charles Bukowski é um dos escritores contemporâneos mais conhecidos dos EUA, e alguns diriam que é o poeta mais influente e o mais imitado. Nasceu no dia 16 de agosto de 1920 em Andernach, na Alemanha.
Filho de um soldado americano e uma mãe alemã, mudou-se para os EUA com três anos de idade. Cresceu em Los Angeles e lá viveu durante 50 anos. Publicou seu primeiro conto em 1944, com 24 anos de idade, e começou a escrever poemas com 35. Morreu em San Pedro, Califórnia no dia 9 de março de 1994 com 73 anos, pouco depois de terminar seu último romance: Pulp em 1994.
Li fervorosamente seus livros por toda adolescência. Cartas na Rua e Mulheres foram os mais marcantes.
Minha primeira briga feia com meu irmão foi por causa do Bukowski. Achava o livro Mulheres impróprio para eu ler tão jovem e em seguida, foi quando estava lendo Zero de Ignácio de Loyola Brandão. No final tudo acabava bem, mas quando a barra pesava em casa, punha o livro na bolsa e ia ler _ perto do colégio que estudava _ na bancada do vão livre no MASP.
Bons tempos.
Minha primeira briga feia com meu irmão foi por causa do Bukowski. Achava o livro Mulheres impróprio para eu ler tão jovem e em seguida, foi quando estava lendo Zero de Ignácio de Loyola Brandão. No final tudo acabava bem, mas quando a barra pesava em casa, punha o livro na bolsa e ia ler _ perto do colégio que estudava _ na bancada do vão livre no MASP.
Bons tempos.
Beta
Restaurante em Folegandros - Grécia
Há alguns dias reencontrei uma antiga vizinha dos tempos de criança. Morávamos na mesma rua. Era uma cidade pequena, tranquila, onde todos se conheciam. Ainda hoje me parece perfeita _ lembranças de infância são poderosas. Naquela época enxergava homenzinhos em troncos de árvores no jardim de casa. Tinha dúvidas seríssimas: se era ou não possível tropeçar em sacis, mulas sem cabeça e todo o imaginário infantil reforçado, como boa paulista, pela paixão por Monteiro Lobato.
Ainda meninas nos mudamos com nossas famílias. Fui para São Paulo e ela para o Rio de Janeiro. Nosso reencontro aconteceu ao acaso, nos esbarrando numa rede social.
Conversamos longamente, e lá pelas tantas comentei que tinha um blog. Ela passou por aqui e então me disse: ''vi seu blog'', e nada mais. Normalmente as pessoas comentam o que acharam, variavelmente elogiam, enfim, o de praxe _ e ela nada. Fiquei curiosa e resolvi perguntar. Sem titubear, me disse que discorda inteiramente da forma que me relaciono com os livros _ referia-se ao texto que postei há alguns dias chamado O Sebo _ e completou: "na medida em que ele é guardado numa estante, depois de lido, perde sua função. Por isso eu não guardo os livros que leio, passo-os adiante. Deixo em bancos de jardim, dou para amigos e conhecidos. Como moramos num país que não prioriza a cultura, consigo fazer com que as pessoas se interessem em ler, sobretudo aquelas que não têm oportunidade de compra-los, em resumo, sou uma bibliotecária muito moderna. Na última viagem que fiz à Grécia, fui a Folegandros, e lá percebi que havia perdido o livro que estava lendo e que havia trazido do Brasil. No dia seguinte, fomos almoçar em um restaurante que fica na praça principal; qual foi meu espanto quando descobri que, em pleno restaurante a céu aberto, um cidadão tinha colocado uma estante na praça com os livros que certamente haviam sido doados por turistas.
Olhando a estante me deparei com meu livro. Tentei explicar que era meu e indaguei se poderia pegá-lo. O dono disse que poderia levar o que quisesse, que estavam lá para serem lidos. Lá é tradição deixá-los nos bancos das praças. As pessoas não conseguem entender como uma bibliotecária como eu, que a príncípio é uma guardiã de livros, não consegue guardá-los".
Quando minha amiga terminou sua narrativa, eu estava totalmente fascinada. Aquela rua especial da infância, os tempos modernos que nos devolvem amigos perdidos, e a forma generosa e revolucionária que ela em especial se relaciona com os livros.
Olhei para minha estante abarrotada deles. Senti-me profundamente constrangida. Sempre procurei não me deixar seduzir por coisas de comprar. Às vezes acontece de abrir a porta do carro errado quando o modelo é parecido. Percebi que muito do que chamava amor aos livros era vaidade. Faz com que eu retenha informação, decore minha casa, exponha algum conhecimento pessoal.
A relação tão próxima que minha amiga tem com os livros, a de arquivista e guardiã, trouxe a ela esse entendimento: depois de lido é só papel.
Me senti meio pirada, como as pessoas apegadas às suas coleções. E quantas não são assim. Estoques de bolsas, pares de sapatos, quadros fortalecendo o patrimônio. Tapetes com dois mil pontos o metro quadrado e assim vai. Mas nada pode ser tão egoísta como não passar um livro adiante. Pura vaidade. Depois dessa conversa separei alguns e com dificuldade vou doar. É um começo. Penso nisso. Aquele livro fechado como paisagem está morto. Tanto quanto um poeta amordaçado.
Planejo separar os mais queridos, os que sempre lerei. O restante, para o mundo.
Obrigada, Beta!
Olhei para minha estante abarrotada deles. Senti-me profundamente constrangida. Sempre procurei não me deixar seduzir por coisas de comprar. Às vezes acontece de abrir a porta do carro errado quando o modelo é parecido. Percebi que muito do que chamava amor aos livros era vaidade. Faz com que eu retenha informação, decore minha casa, exponha algum conhecimento pessoal.
A relação tão próxima que minha amiga tem com os livros, a de arquivista e guardiã, trouxe a ela esse entendimento: depois de lido é só papel.
Me senti meio pirada, como as pessoas apegadas às suas coleções. E quantas não são assim. Estoques de bolsas, pares de sapatos, quadros fortalecendo o patrimônio. Tapetes com dois mil pontos o metro quadrado e assim vai. Mas nada pode ser tão egoísta como não passar um livro adiante. Pura vaidade. Depois dessa conversa separei alguns e com dificuldade vou doar. É um começo. Penso nisso. Aquele livro fechado como paisagem está morto. Tanto quanto um poeta amordaçado.
Planejo separar os mais queridos, os que sempre lerei. O restante, para o mundo.
Obrigada, Beta!
29 junho 2011
Cigarrofobia
O que me incomoda é o olhar de quem não fuma _ principalmente de ex-fumantes _ e constatar com que prazer andam sapateando sobre nós.
A Cigarrofobia está demais. Se acendemos um cigarro num lugar arejado, distante de alguém , por que o sujeito lá da outra ponta faz questão de abanar o ar com as mãos? Não estou de modo algum interferindo no seu espaço aéreo, mas o Cigarrofóbico se dá o direito de me apontar com o dedo em riste!
Nós fumantes estamos nos tornando páreas nessa sociedade insana, onde o Estado paternalista dita atitudes e controla comportamentos, através de maciças campanhas publicitárias. Se eu, adulta, tenho conhecimento dos danos que o fumo me causa, como indivíduo quero o direito de optar. Me sinto invadida e desrespeitada na minha individualidade e liberdade.
Por que não permitem a abertura de bares apenas para fumantes? Simples assim: quem fuma frenquenta esse determinado bar. E os funcionários? Seriam contratados funcionários fumantes. Talvez o receio de todos preferirem o bar da fumaça, inclusive os comerciantes, seja o motivo.
Os cigarros estão aí sendo vendidos enquanto nós, consumidores, somos encarados como os personagens do filme de ficção Invasores de Corpos: o alienígina ao descobrir que o sujeito era humano, soltava um grunhido e o apontava para sua turma correr atrás!
Não como carne há anos. Seria uma tremenda arrogância discriminar e acreditar que os carnívoros são menos evoluídos. E olha que entre queimar papel e mastigar animais...
Dia desses, fui marcada em uma foto numa longa lista postada por uma amiga numa rede social. O assunto desviou para o cigarro. Trocavam palavras de encorajamento para os amigos que tentavam largar o vício, ou que tinham conseguido, e se auto-elogiavam com ênfase no orgulho por nunca terem fumado. Eu, muito enxerida, agradeci a marcação e disse que era fumante. Pra que? Ouvi conselhos, críticas pesadas, algumas bizarras, e quando resolvi me defender dizendo que não era infeliz nem auto-destrutiva, uma das participantes argumentou na histeria da razão que Jesus nunca fumou!
A loucura que tento colocar, é a paixão desmedida, quase violenta dos politicamente corretos. Esse patrulhamento dos Cigarrofóbicos é tão nocivo que tornaram-se viciados em virtudes. Julgando e sentenciando, construindo um perfil para o fumante muitas vezes deturpado. Nem todo fumante é suicída e invasivo, como nem todo não fumante é plenamente feliz e saudável. Os cigarrofóbicos tornaram-se maniqueístas, como num drama de novela mexicana onde há vilões e mocinhos.
Por que não permitem a abertura de bares apenas para fumantes? Simples assim: quem fuma frenquenta esse determinado bar. E os funcionários? Seriam contratados funcionários fumantes. Talvez o receio de todos preferirem o bar da fumaça, inclusive os comerciantes, seja o motivo.
Os cigarros estão aí sendo vendidos enquanto nós, consumidores, somos encarados como os personagens do filme de ficção Invasores de Corpos: o alienígina ao descobrir que o sujeito era humano, soltava um grunhido e o apontava para sua turma correr atrás!
Não como carne há anos. Seria uma tremenda arrogância discriminar e acreditar que os carnívoros são menos evoluídos. E olha que entre queimar papel e mastigar animais...
Dia desses, fui marcada em uma foto numa longa lista postada por uma amiga numa rede social. O assunto desviou para o cigarro. Trocavam palavras de encorajamento para os amigos que tentavam largar o vício, ou que tinham conseguido, e se auto-elogiavam com ênfase no orgulho por nunca terem fumado. Eu, muito enxerida, agradeci a marcação e disse que era fumante. Pra que? Ouvi conselhos, críticas pesadas, algumas bizarras, e quando resolvi me defender dizendo que não era infeliz nem auto-destrutiva, uma das participantes argumentou na histeria da razão que Jesus nunca fumou!
A loucura que tento colocar, é a paixão desmedida, quase violenta dos politicamente corretos. Esse patrulhamento dos Cigarrofóbicos é tão nocivo que tornaram-se viciados em virtudes. Julgando e sentenciando, construindo um perfil para o fumante muitas vezes deturpado. Nem todo fumante é suicída e invasivo, como nem todo não fumante é plenamente feliz e saudável. Os cigarrofóbicos tornaram-se maniqueístas, como num drama de novela mexicana onde há vilões e mocinhos.
Reflitam a respeito da prepotência e intolerância. O fumo não altera o comportamento, e a fumaça pode facilmente ser controlada com bom senso. Educar é melhor que impor!
Daqui a pouco, qualquer atitude fora dos padrões do ministério da saúde _ que nos adverte _ será considerada subversiva.
Daqui a pouco, qualquer atitude fora dos padrões do ministério da saúde _ que nos adverte _ será considerada subversiva.
E não adianta me convidar, não vou à sua casa se não houver liberdade. O bom senso está implícito!
26 junho 2011
25 junho 2011
24 junho 2011
Zeitgeist
Zeitgeist é um movimento social de escala mundial, que propõe mudanças na forma de encarar o mundo. Um de seus maiores objetivos , é para que a sociedade moderna transite de uma economia baseada em dinheiro para uma economia baseada em recursos. É o braço ativista do Projeto Vênus, que é o trabalho da vida do engenheiro social e "designer" Jacque Fresco. Desde de 2010, o movimento tem mais de 400 mil membros.
O Movimento Zeitgeist tem o seu nome tirado dos documentários produzidos por Peter Joseph.
Zeitgeist, o Filme (mas que oficialmente, não faz parte do movimento), estreou em 2007 e a sequência, Zeitgeist: Addendum, estreou em 2008. Um terceiro filme Zeitgeist: Moving Forward, que estreou em Janeiro de 2011, é o que está postado aqui.
Neste documentário Peter Joseph afirma que o tema está focado no comportamento humano, tecnologia e racionalidade, assim como nos mostra exemplos de como uma real mudança poderá ser dada a esta nova sociedade. Desconfio de qualquer espécie de instituição, seja religiosa, econômica, política, e principalmente monetária.
O movimento Zeittgeist é revitalizante, por mais utópico que possa parecer frente à uma sociedade acomodada , preguiçosa, individualista, ou miserável demais para se dar ao luxo de pensar sobre problemas existencias e planetários.
Zeitgeist, o Filme (mas que oficialmente, não faz parte do movimento), estreou em 2007 e a sequência, Zeitgeist: Addendum, estreou em 2008. Um terceiro filme Zeitgeist: Moving Forward, que estreou em Janeiro de 2011, é o que está postado aqui.
Neste documentário Peter Joseph afirma que o tema está focado no comportamento humano, tecnologia e racionalidade, assim como nos mostra exemplos de como uma real mudança poderá ser dada a esta nova sociedade. Desconfio de qualquer espécie de instituição, seja religiosa, econômica, política, e principalmente monetária.
O movimento Zeittgeist é revitalizante, por mais utópico que possa parecer frente à uma sociedade acomodada , preguiçosa, individualista, ou miserável demais para se dar ao luxo de pensar sobre problemas existencias e planetários.
23 junho 2011
Pimpão Triste
Aconteceu uma coisa estranha comigo. Quando ouço uma música _ como a maioria de nós _ tenho as sensações habituais: saudade de uma época ou de um lugar, enfim, os sentimentos extarordinários que ela nos remete a reviver. Se é um novo som, curtimos e queremos ouvir mais e mais. Se não gostamos é fácil, não ouvimos. A música não é invasiva, a não ser quando o sujeito que a está ouvindo, é! Aí temos que aguentar o som estridente do carro ao lado, a má sorte de ter um vizinho pagodeiro, ou um radinho descontrolado enlouquecendo quem está por perto. Existem sons tão comoventes que nosso corpo vibra com tal força, que é ela, aquela música que conta nossa história. Mas deixarei os devaneios e vou contar o que me aconteceu. Numa noite dessas estava com a parafernália ligada: ouvindo música no youtube, a tv com o som baixo, e conectada no facebook. O silêncio e o isolamento quebrados de todas as formas. Até aí, tudo bem, muita gente vive assim rotineiramente. Mas eu não. Moro no campo, e a casa é quieta. Não há barulhos externos e muitas e muitas vezes fico no silêncio. Gosto! Os sons são do rio, do vento, dos bichos: um latido que ressoa lá de longe, desencadeando uma audição canina em série, sapos que cantarolam depois da chuva _ muito chatos, insuportáveis _ coruja piando, cavalo que relincha, gato que mia, e assim se arrasta a ladainha rural por noite adentro. E há os momentos de silêncio absoluto, só rompido pelo pensamento. Mais radical ainda quando fico alí, sem pensar, sem som algum. Mas nessa noite que estava conectada virtualmente, ouvindo e vendo e conversando, conheci uma música de nome engraçado chamada Pimpão Triste. Comecei a escuta-la porque foi postada no face por um amigo compositor _ era uma lista longa, com várias composições suas, e estava ouvindo já há algum tempo _ o Pimpão Triste estava lá entre elas. Foi hilário, desandei a chorar compulsivamente, sem a menor predisposição, não faria isso em condições tão normais como aquela. Nem sentia algo por ela! Não tínhamos aparentemente nenhuma química e fiquei inquieta, perplexa pelo Pimpão me fazer soluçar. Que diabos era aquilo? O som do violino entrava na minha garganta e dava nó, até torcer a alma e eu chorar! O desconforto que uma emoção anárquica nos provoca, é um susto! Resolvi parar de ouvir por total estranhamento. Diante daquela cena quixotesca, fui aumentar o som da tv. Olhei para a tela do computador, lá estava ela, a música! Já refeita, e passado o constrangimento, fui ouvir mais uma vez o Pimpão Triste, como quem cutuca um formigueiro descalço, com cuidado! Fiquei olhando para mim, esperando altiva minha total indiferença. Comecei a ouvi-la, e claro, a desmontar como uma perfeita idiota. Desisti. Morro de medo do Pimpão Triste. Não consigo racionalizar o que sinto quando a ouço. O que será que o inspirou quando compunha? Seria um palhaço? Palhaços são tristes, ou o Pimpão era o seu cachorro? Talvez um apelido de um amigo de escola, pobrezinho! Será que o nome Pimpão que me deixou tão perplexa? A melodia é bela e triste. Mas que tristeza é essa! Se é minha, então que me conte. Mas não, chóro o choro de um pimpão triste! E mais, não sou de chorar por pimpões, nem mesmo alegres. Me diga, você ja chorou por uma melodia: sem passado, sem futuro, e solta no seu presente, porque até saudade do que nunca vivemos se tornou clichê, agora, lágrimas de verdade, e desbragadamente como se fosse outro alguém a nos chorar!
Ah, preciso saber de mais pessoas que vivenciaram isso!
Link: Pimpão Triste
17 junho 2011
O sebo
Olho para os livros comportados nas prateleiras. Como são bonitos! Acredito que seja o único objeto que não admitimos tratar como tal. Seria um perjúrio contemplar a coleção dos Imortais da Literatura, edição em couro, os títulos lavrados em relevo, aquela potência de mais de noventa volumes e não se sentir feliz . Ter livros é uma necessidade, uma referência. É o cenário em que cresci. Como gostar de plantas e animais de estimação. Foram muitas as estantes, nos mudávamos e as caixas abarrotadas de livros se mudavam com a gente. E assim mantenho a tradição. O Livro não é objeto comum, claro que não. Eles compõem o ambiente, trazem aconchego e personalidade. Fico meio desapontada quando vou à casa de alguém, bato o olho e há aquele deserto de muitos móveis, telas e tapetes. Se não houver nem um punhado de livros, desconfio no ato! E se houver, dependendo dos títulos, desconfio ainda mais!
Trabalhei uma época numa livraria e sebo. Constatei algumas curiosidades sobre a vida que pulsa num comércio como esse. Uma delas é que nós, mulheres brasileiras, lemos muito pouco. A grande maioria das frequentadoras eram mães sempre mal humoradas e apressadas com listas de livros escolares, puxando seus filhos pelo braço, sem tempo para olhar nos nossos olhos, quanto mais para livros. Ou jovens atrás de edições de segunda mão para leitura acadêmica, na maioria estudantes de sociologia, psicologia e direito. As leitoras que buscavam genuinamente um livro para ler, corriam para a sessão de auto- ajuda, ou best-sellers de uma autora muito requisitada, Norma sei la o quê _ ja não me lembro o nome _ uma leitura de gosto duvidoso, garanto! O top de vendas eram os livros espíritas. Passavam reto pelo corredor de literatura, filosofia, sem sequer pestanejarem. Os esotéricos também faziam bastante sucesso entre as mulheres, ficavam próximos à turminha da auto-ajuda. As estrangeiras lêem mais. Elas sim, na maioria senhoras atrás de pocket books. Mas não fugiam muito dos tradicionais romances água com açúcar. Quando entrava um casal, variavelmente os homens ficavam mais tempo nos títulos, as mulheres dispersavam e logo iam para a sessão de dvds e cds. Mães de criancinhas também eram boas clientes atrás de livrinhos que dobram, cortam, a figura pula, ou tomam banho com a criança _ aqueles de almofadinha de borracha _. Decoradoras de festas, e também o pessoal que alugava estantes inteiras para cenário, eram bem práticos. -" Quero duas estantes desses livros velhos em couro nos tons marrom e preto".
Trabalhei uma época numa livraria e sebo. Constatei algumas curiosidades sobre a vida que pulsa num comércio como esse. Uma delas é que nós, mulheres brasileiras, lemos muito pouco. A grande maioria das frequentadoras eram mães sempre mal humoradas e apressadas com listas de livros escolares, puxando seus filhos pelo braço, sem tempo para olhar nos nossos olhos, quanto mais para livros. Ou jovens atrás de edições de segunda mão para leitura acadêmica, na maioria estudantes de sociologia, psicologia e direito. As leitoras que buscavam genuinamente um livro para ler, corriam para a sessão de auto- ajuda, ou best-sellers de uma autora muito requisitada, Norma sei la o quê _ ja não me lembro o nome _ uma leitura de gosto duvidoso, garanto! O top de vendas eram os livros espíritas. Passavam reto pelo corredor de literatura, filosofia, sem sequer pestanejarem. Os esotéricos também faziam bastante sucesso entre as mulheres, ficavam próximos à turminha da auto-ajuda. As estrangeiras lêem mais. Elas sim, na maioria senhoras atrás de pocket books. Mas não fugiam muito dos tradicionais romances água com açúcar. Quando entrava um casal, variavelmente os homens ficavam mais tempo nos títulos, as mulheres dispersavam e logo iam para a sessão de dvds e cds. Mães de criancinhas também eram boas clientes atrás de livrinhos que dobram, cortam, a figura pula, ou tomam banho com a criança _ aqueles de almofadinha de borracha _. Decoradoras de festas, e também o pessoal que alugava estantes inteiras para cenário, eram bem práticos. -" Quero duas estantes desses livros velhos em couro nos tons marrom e preto".
Eram três lojas, e trabalhei em todas elas _ fazia rodízio _. Algumas funcionárias muito mais experientes que eu, sabiam tudo sobre todos os títulos e temas. Mas não liam... Era como vender qualquer coisa: sabonete, roupa, bichinho de pelúcia, um trabalho como outro qualquer, e a força do hábito às ensinava a conhecer o lugar onde estava Ésquilo, Arthur Rimbaud, ou Zíbia Gasparetto. Era muito bom trabalhar na livraria, tinha desconto e comprava por uma pechincha. Fora os autores que não conhecia. Quando procurava para um cliente e ele deixava o livro em minhas mãos, tinha a sensação muitas vezes, de ser uma trama do destino para eu abri-lo. Gostava mesmo era dos clientes compulsivos, compravam livros pelo prazer de ler, ter, de possuir ou serem possuídos, não sei bem. Eram bons de conversa. Valia tudo: o cheiro, a capa, tamanho, cor, textura, era uma delícia assistir e compactuar com todo processo. Não saiam com menos de dez livros, e voltavam em dois, três dias, no máximo em uma semana. Um jornalista que fiquei amiga, era um desses, e sempre livros de romances policiais. Tinha todos e queria mais e mais. Me contou que alugou um apartamento no prédio em que morava, dois andares abaixo do seu, para os livros habitarem, já que o casamento estava em crise, tal sua obssessão e compulsão. Assim, resolveu o problema. Os livros eram uma espécie de amante.
Contrariando o esteriótipo do paulistano _ apressado, frio e individualista _ as pessoas na maioria, eram afáveis, dispostas a conversar sobre livros, e muitas vezes refletir sobre a vida. Aos domingos famílias inteiras passeavam, e haviam também os solitários. Esses, entravam na loja com passos mansos, de bem com a vida, curtindo uma manhã em livrarias e se levando para passear.
Uma das situações que me comovia, era abrir um livro e encontrar uma foto, ou carta, às vezes uma dedicatória especial carregada de emoção, e ficava pensando como aquele livro , que um dia foi a representação de um sentimento, foi descartado pela vida.
Havia os gatunos. Alguns conhecidos na praça. Ladrões de livros e cds. Recebia um telefonema das outras lojas para ficar de olho que fulano estava na área. Nunca percebi nada. Nos sebos é tradição pechinchar na hora de pagar. Quando eram estudantes sempre que podia dava largos descontos, acho justo.
Tinha os ambulantes que passavam todos os dias vendendo tortinhas, doces, pães caseiros, era mesmo tentador.
Haviam os famosos chatos figurinhas conhecidas no pedaço.. Ficavam horas, bagunçavam os livros, falavam demais e dificilmente levavam alguma coisa.
Acreditava que um bom livro valesse um preço justo, mas não é assim. São comprados pelos donos dos sebos a preço de banana. .A avaliação do lote é pelo título, estado de conservação e se é de venda fácil. Uma dica: se for vender livros para o sebo, leve aos poucos, quanto maior o volume, menor o preço. Vale também para livros de arte, e para os mais raros. A burocracia para você doar às bibliotecas faz com que as pessoas desistam e acabem despachando nos sebos. No interior onde moro, não há livraria nem sebo, apenas uma papelaria com alguns livros. É uma pena, faz falta!
Contrariando o esteriótipo do paulistano _ apressado, frio e individualista _ as pessoas na maioria, eram afáveis, dispostas a conversar sobre livros, e muitas vezes refletir sobre a vida. Aos domingos famílias inteiras passeavam, e haviam também os solitários. Esses, entravam na loja com passos mansos, de bem com a vida, curtindo uma manhã em livrarias e se levando para passear.
Uma das situações que me comovia, era abrir um livro e encontrar uma foto, ou carta, às vezes uma dedicatória especial carregada de emoção, e ficava pensando como aquele livro , que um dia foi a representação de um sentimento, foi descartado pela vida.
Havia os gatunos. Alguns conhecidos na praça. Ladrões de livros e cds. Recebia um telefonema das outras lojas para ficar de olho que fulano estava na área. Nunca percebi nada. Nos sebos é tradição pechinchar na hora de pagar. Quando eram estudantes sempre que podia dava largos descontos, acho justo.
Tinha os ambulantes que passavam todos os dias vendendo tortinhas, doces, pães caseiros, era mesmo tentador.
Haviam os famosos chatos figurinhas conhecidas no pedaço.. Ficavam horas, bagunçavam os livros, falavam demais e dificilmente levavam alguma coisa.
Acreditava que um bom livro valesse um preço justo, mas não é assim. São comprados pelos donos dos sebos a preço de banana. .A avaliação do lote é pelo título, estado de conservação e se é de venda fácil. Uma dica: se for vender livros para o sebo, leve aos poucos, quanto maior o volume, menor o preço. Vale também para livros de arte, e para os mais raros. A burocracia para você doar às bibliotecas faz com que as pessoas desistam e acabem despachando nos sebos. No interior onde moro, não há livraria nem sebo, apenas uma papelaria com alguns livros. É uma pena, faz falta!
16 junho 2011
Social Smokers
Os Smokers são um grupo de Spoken Word que reune slammer's, músicos e um vídeo/artista. Formou-se em Out de 2009 e edita em Dezembro de 2010 a sua primeira obra; o cd/livro/dvd - Magnetic Poetry (ed. transformadores)
"A poesia não ocupa agenda, a poesia mal ocupa livrarias, mal ocupa pessoas, a poesia ocupa bibliotecas, a poesia ocupa poetas e editores de boa vontade. A palavra – poesia – arrepia o mais apto dos sentinelas, provoca um misto de respeito e desconfiança. A poesia é uma baia – mulher morena ou barrote a separar cavalos, é escolher nas feiras dos manuseados. A poesia mal sai à rua, mal conhece pessoas novas. O Musicbox quis botar linha nesta narrativa do isolamento" ( Social Smokers).
Os Social Smokers são um projeto transversal que cruza a música, o vídeo e a poesia num formato spoken word nascido da descoberta da Poetry Slam. O grupo formou-se em outubro de 2009 e editou recentemente o Livro /Cd /Dvd 'Magnetic.
Postei todos esses nomes técnicos para deixar bem informado quem entende. Particularmente, posso dizer que os Smokers me parece um grupo de rap português, trazendo como diferencial a poesia bem elaborada. Uma iniciativa válida e estimulante para tirar do isolamento jovens poetas e encontrarem uma forma de expressão integrada com som e imagem, mais participativa e divertida.
Postei todos esses nomes técnicos para deixar bem informado quem entende. Particularmente, posso dizer que os Smokers me parece um grupo de rap português, trazendo como diferencial a poesia bem elaborada. Uma iniciativa válida e estimulante para tirar do isolamento jovens poetas e encontrarem uma forma de expressão integrada com som e imagem, mais participativa e divertida.
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15 junho 2011
Pina Bausch
Considerada por muitos a maior artista do século, Pina Bausch revolucionou a dança. A mãe da dança teatro, com seu particular processo de criação. Uma contadora de histórias, suas coreografias eram baseadas nas experiências de vida de seus bailarinos. Seus temas mais recorrentes eram as interações entre masculino e feminino. Uma inspiração para Pedro Almodóvar, em cujo filme Fale com ela, Pina aparece numa bela sequência de dança. A importância de Pina como pessoa e criadora para o cenário artístico mundial vira documentário em filme 3D de Win Wenders. Confira o trailer.
13 junho 2011
O Conde
Nos tempos modernos, na ausência dos bestiários medievais, os vampiros que fazem as mocinhas suspirarem são muito chatinhos. Não sugam sangue humano. O vampiro bom moço, de carrão e adolescente, se alimenta de animaizinhos da floresta. Escolheu passar a infinidade de seus dias jogando beisebol e frequentando o colegial. Enterrar o canino na aorta, só para os coadjuvantes. Mocinhas que cresceram informatizadas suspiram almejando a juventude eterna ao lado do grande amor imortal. A moral vencendo o instinto, sobrepujando o desejo incontido da mordida fatal na jugular. Ah o bom e velho Drácula dos filmes branco e preto! A névoa encobrindo o castelo, uma lua alucinada correndo à velocidade do grito contido, o único rastro de luz no breu do desejo e o medo. Onde está o garboso Príncipe das Trevas dos pesadelos de minha infância? Copo com água , réstia de alho, e a espera. Dormir com o travesseiro sobre a cabeça protegendo o pescoço, minha condição humana ameaçada, o terço de minha mãe pendurado na cabeceira da cama. O aparato completo. A estaca, um sonho de consumo! Rezava para o anjo da guarda me proteger, e rezava para o Conde Drácula me querer. Um teste de fé: seria eu forte o suficiente para dete-lo e, caso me tornasse um ser abissal, como viveria esse mundo? Suportaria ser um deles? Olhos vermelhos, cabelos negros, a pele muito branca e uma vestimenta bem mais atraente que a de costume.
Ultimamente o vampiro vive na América, a Transilvânia se encolheu ao passado junto com Bram Stoker. Quando eu atingia o limite do pavor, era necessário que atravessasse o mais longo e extenso dos corredores que conheci. Nele, habitavam as sombras, mãos que roçavam meus braços, puxavam meus pés, arrastavam-se silenciosas no tapete sob meu corpo até conseguirem manter-me de olhos fechados e lábios selados pelo pavor. Naquele turbilhão de horrores _ que acontecia variavelmente nas noites em que pensava Nele _ já no meio do caminho, quase exaurida pelo pânico, estava o Tabú, meu cão que alí descansava tranquilo. Não mais tremia tanto e conseguia galgar os próximos passos com maior dignidade. Ir de encontro ao grande portal. À salvação! Deitar no céu, na cama entre meus pais. Como era bom!
Ultimamente o vampiro vive na América, a Transilvânia se encolheu ao passado junto com Bram Stoker. Quando eu atingia o limite do pavor, era necessário que atravessasse o mais longo e extenso dos corredores que conheci. Nele, habitavam as sombras, mãos que roçavam meus braços, puxavam meus pés, arrastavam-se silenciosas no tapete sob meu corpo até conseguirem manter-me de olhos fechados e lábios selados pelo pavor. Naquele turbilhão de horrores _ que acontecia variavelmente nas noites em que pensava Nele _ já no meio do caminho, quase exaurida pelo pânico, estava o Tabú, meu cão que alí descansava tranquilo. Não mais tremia tanto e conseguia galgar os próximos passos com maior dignidade. Ir de encontro ao grande portal. À salvação! Deitar no céu, na cama entre meus pais. Como era bom!
David LaChapelle
Cores saturadas, polêmico, pop, exagero e estático, este é David LaChapelle. Um dos fotógrafos mais prestigiados do nosso tempo, conquista celebridades e as fotografa ousando em cores e no estático, cenários montados e surrealidade são praticamente seu sobrenome! Apostando nas fantasias cômicas e na beleza bizarra, foi considerado pelo New York Times o Fellini da fotografia. É uma verdadeira ostentação do surreal, é uma mistura de tons fortes, o vulgar, o inferno, o sagrado e o nonsense.
12 junho 2011
Manuel de Freitas, o poeta que capitanea o movimento cultural que acontece em Portugal
Ode à noite inteira
Gosto do momento exacto, ou nem por isso,
que se torna possível colar cartazes nas paredes ao lado dos meus ombros (espero
o autocarro, vejo devagar, sorrio). Mas,
gosto, subretudo dos cães quase sem dono
que roçam as esquinas, pisando restos de garrafas
- ou das pessoas que desconheço
e das bebidas todas que ignoro
( porque me matam menos e se chamam
- como eu - insônia, pesadelo, golpe baixo).
Existem,claro, raparigas louras um tanto
heterodoxas que não te apetece beijar
( a força do baton, perfeita - o cigarro aceso
pedindo outro lume). Essas mesmas que hão-de
um dia procriar com zelo, evitando rugas,
tumores e o mundo como representação misógina.
Mais lírica, sem dúvida, é a lavagem das ruas,
com a cerveja a premiar a farda
demasiado verde e os bigodes de serviço.
Outros, alguns, tornam concreto o torpor
de um charro e pedem-te em crioulo básico
um cigarro português que tu vais dar,
sem esforço nem palavras. Entre shots, piercings,
t-shirts de Guevara e gel, podes não acreditar
por algumas horas no axioma frágil do teu corpo.
Esfuma-te, como eles, no espelho de um bar
qualquer, país de enganos e baratas. E
quase gostas disso, quase: a música de punhais,
servil um certo e procurado desencontro.
Um táxi te ensinarás depois o caminho de casa
-ou o eu contrário, pois só ali ( anônimo
e desfocado ) eras finalmente tu, ou podias ser.
O resto, a vida, fica para outra vez.
Manuel de Freitas
Manuel de Freitas nasceu em Valé de Santarém, Portugal em 1972. É poeta, editor e crítico literário. Vive em Lisboa desde 1990 tendo publicado seu primeiro livro de poemas em 2000.
Dirige a pequena editora Averno e é um dos diretores da revista Telhados de Vidro, publicação da editora. Em 2002 organizou a antologia Poetas sem Qualidades, obra que acabaria por contribuir para uma acesa polêmica sobre os caminhos da poesia portuguesa surgida nos últimos anos.
Blog da editora Averno: editora-averno.blogspot.com
11 junho 2011
Pipoca no Tango
Gênero por excelência quando se trata de identificar musicalmente a cidade de Buenos Aires e a Argentina no exterior, o tango goza novamente de boa saúde. Isto se deve boa parte ao surgimento do tango eletrônico, propulsado pelo Gotan Project e outros grupos, que levaram o ritmo a lugares não tradicionais como as discotecas e raves. O eletrotango nasceu do encontro de instrumentos tradicionais do dois por quatro -como o bandonéon- com os computadores e os samplers, que permitem manipular seqüências de sons. Me gusta!
10 junho 2011
Pendurando no Varal
Um banco é um lugar que te empresta dinheiro se conseguires provar que não precisas dele. Bob Hope, ator norte-americano (1903-2003).
09 junho 2011
Quebrando o Tabu (2011) | Trailer Oficial
Este é um documentário que discute abrangentemente a polêmica sobre a legalização da maconha. Dirigido por Fernando Grostein Andrade, o longa exibe como trunfo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na posição de defensor da legalização _sem dúvida é ele o protagonista. Imperdível porque assume abertamente uma posição política na calejada discussão da droga na sociedade. Tema, que muito além de uma questão de saúde pública, tornou-se onipresente nos conflitos morais entre indivíduos de diferentes gerações. O jornal a Folha de Sâo Paulo, hoje, quinta feira dia 9 de junho, exibirá o documentário e promoverá um debate sobre o assunto após a exibição. O ex presidente, que havia garantido presença, disse que não irá; porém, marcará nova data com o jornal.
05 junho 2011
Pessoa
Dedico esse poema a essa gente de andar oblíquo que visita alguns planetas e conta como foi
"Mestre, meu mestre querido!
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?"
Álvaro de Campos
É um monte tudo isso: não falta drama
mas ferramentas apuradas
sinônimos garbosos, sangue gênio.
sinônimos garbosos, sangue gênio.
Uma asa imensa sobrevoando vigorosa
depondo sombra
batendo sobre residuais cotidianos
passa plana
sem razantes
planando, planando raza
pra lá do pra lá,
pra lá sem plano
Os cuidados baldios
À sua volta o enredo
o em torno
o existido
Preciso_ urge_hay que! : experimentar
nem que por um sublime hiato
a transmutação
do insípido brandamente insosso
às vísceras da criação:
milagre da náusea tornada letra
crença velha de musa
hoje inspiração.
Cartesiana de pai e mãe
de terra batida
contada e contida
Comando que
Rogo que venha e leve
para away desse canto de mundo
onde o dispor, arrumar, passar
é uma fraude de rima fácil
Arrebata-me em fornalha!
Não almejo o entrementes
Aspiro às divindades
Respiro as tempestades
De todos os Pessoas
batendo sobre residuais cotidianos
passa plana
sem razantes
planando, planando raza
pra lá do pra lá,
pra lá sem plano
Os cuidados baldios
À sua volta o enredo
o em torno
o existido
Preciso_ urge_hay que! : experimentar
nem que por um sublime hiato
a transmutação
do insípido brandamente insosso
às vísceras da criação:
milagre da náusea tornada letra
crença velha de musa
hoje inspiração.
Cartesiana de pai e mãe
de terra batida
contada e contida
Comando que
Rogo que venha e leve
para away desse canto de mundo
onde o dispor, arrumar, passar
é uma fraude de rima fácil
Arrebata-me em fornalha!
Não almejo o entrementes
Aspiro às divindades
Respiro as tempestades
De todos os Pessoas
02 junho 2011
A ditadura dos politicamente corretos
Lady Gaga, Jastin Bieber e Obama são os mais seguidos no twitter. Um amigo americano que está passando uma temporada no Brasil ouviu muitas dúvidas de brasileiros sobre a morte de Bin Laden. Postou no facebook essa questão por curiosidade, queria saber como seus compatriotas vislumbravam esta possibilidade. Quase foi linchado, só pelo fato de questionar o governo. Isso é fato, eu acompanhei e vi discretamente ele apagar os comentários ofensivos numa dessas madrugadas .O mais surpreendente é que esse americano é jovem e sua lista de amigos é de uma faixa etária que assusta constatar tanto radicalismo. Os Estados Unidos da América tornou-se a ditadura da democracia. E como assimilamos os ecos da América, estamos perdidos se não nos livrarmos desse pesadelo da ética fabricada.
01 junho 2011
Colapso de Inverno
Despertar implacável
Os cabelos sem corte,
cresceram e deram-lhe
um ar de índia velha.
Os olhos tristes, de cão.
A boca com vincos
presos na garra de aço,
do tempo mordaz
No papel de parede
laços lânguidos,
verdes, mudos.
A mulher no espelho
olhou-me fixamente.
Até desconsertar-me
Com o corpo no reggae
não vou me adaptar...
Os cabelos sem corte,
cresceram e deram-lhe
um ar de índia velha.
Os olhos tristes, de cão.
A boca com vincos
presos na garra de aço,
do tempo mordaz
No papel de parede
laços lânguidos,
verdes, mudos.
A mulher no espelho
olhou-me fixamente.
Até desconsertar-me
Com o corpo no reggae
não vou me adaptar...
29 maio 2011
Água Branca
Sou o intervalo inédito
Entre o cosmo e a saída
O elevador para o zero
A ânsia da descida
O penacho ereto
Agulhado no coração
Sou a mão!
A apanhar bolotas metálicas
Do ar em frase
O aperto da dobra
O enjôo da obra
A duvidosa base
Sou a luta no Alto
O morto do corpo
A vida que espia
A bolha de encanto
Faísca de espanto
Estouro que pia
A melodia ociosa
Entre o deus e a gostosa
Sou Rosa!
A desdenhar lirismo
A ir colher sarcasmo
A rir fracasso físico.
Marco Pereira Cremasco
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