22 maio 2011

oração . a banda mais bonita da cidade

Caminho pro Interior

As sombras da árvore impediam o sol de refletir-se uniformemente na grama verde bem diante de mim. 
Era um fim de tarde frio, mesmo com o sol forte o dia todo sobre as montanhas que já eram velhas conhecidas e não contavam mais nenhuma novidade nem me faziam imaginá-las sibilando névoas sombrias como de costume há algum tempo. 
Não eram mais os altos e estrondosos pinheiros que te julgavam e à sua perspectiva.
Agora, o que estava diante de mim era apenas o dia-a-dia. De manhã eram apenas pássaros vermelhos voando em contraste com o céu azul. No fim de tarde, como  neste momento, a grama continua verde e fresca e o sol quase atrás da montanha de araucárias enquanto o gato de olhos azuis ainda me encara do muro.
A taça que estava cheia de morangos brilhava intensamente. Aliás, tudo era intenso, o frio que era imposto pelo vento constante que fazia meus cabelos automaticamente voarem e me dava a impressão de me deixar mais pálida, o calor que o sol deixava na terra saudável transportava-se para todo meu corpo, me fazendo arrepiar com a mudança de temperatura. 
Aquela vida no campo, coitada, nem imagina que está sendo observada todo o tempo desde que cheguei da cidade. Age naturalmente, imagino eu, como se não fosse culpada de nenhum eventual arco-íris nas tardes monótonas de maio. 
Não sei se a agradeço ou a culpo por tudo. De qualquer forma... Meu moleton já não é mais o suficiente para suportar esse clima. Já vejo as luzes da cidade acenderem ao longe e os sítios aqui em volta parecem mais quietos que de costume. Minha mãe deve estar se perguntando por mim. 
Boa noite, amanhã levanto cedo, vejo o céu amanhacendo só não sei se amanheço junto, pois meu espírito não obedece meu corpo geralmente nas manhãs geladas. Mas que estarei lá, ou melhor, aqui, novamente de manhã e à tarde, tentando entender a complexidade da moça que pendura suas roupas no varal, isso sim, estarei!
Luiza Pereira Bacetti.