08 julho 2011

Olhos de Aurora



A manhã não basta
O interrompido do dia resvala
Meu pranto desperta da impossibilidade de mim
As caravanas vão entrar pela porta
Deixar o balde abarrotado cair pela escada
Cheirar minhas mãos e caminhar sob lençóis de abandono.
As virgens vão berrar baixinho
E os maridos vão me amar sem pressa
O apito do futuro toca baixo e reflete pelos muros de fumaça a desgraça de abrir os olhos
É a omissão de mim que ecoa, burguês
E sublime é a imposição do eu distante que já não quer mais ser o fundo dos olhos enganados 
por fé e desespero
É o sono magoado das madrugadas claras
É o pavor de passar pelo batente e subir sem freio para o já patético anunciado
Há o choro todo do mundo que impede a rua de entrar em discórdia

Desperto para a negação de mim.
É o dissentimento, desarmonia, desconcerto
É o equivoco sábio de perder-se em não quereres
De perder-se em vídeo tapes e delírios
De achar a si e ao outro em desencontros nublosos.
Desperto já no final do luto mensageiro
Candura e desafeto de nós
                                                                         
                                                                              Beatrice Morbin