05 junho 2011

Pessoa

Dedico esse poema a essa gente de andar oblíquo que visita alguns planetas e conta como foi


"Mestre, meu mestre querido!  

Coração do meu corpo intelectual e inteiro!  
Vida da origem da minha inspiração!  
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?"
Álvaro de Campos


É um monte tudo isso: não falta drama
mas ferramentas apuradas
sinônimos garbosos, sangue gênio.

Uma asa imensa sobrevoando vigorosa
depondo sombra
batendo sobre residuais cotidianos
passa plana
sem razantes
planando, planando raza
pra lá do pra lá,
pra lá sem plano

Os cuidados baldios
À sua volta o enredo
o em torno
o existido

Preciso_ urge_hay que! : experimentar
nem que por um sublime hiato
a transmutação
do insípido brandamente insosso
às vísceras da criação:
milagre da náusea tornada letra
crença velha de musa
hoje inspiração.

Cartesiana de pai e mãe
de terra batida
contada e contida
Comando que
Rogo que venha e leve
para away desse canto de mundo
onde o dispor, arrumar, passar
é uma fraude de rima fácil

Arrebata-me em fornalha!
Não almejo o entrementes
Aspiro às divindades
Respiro as tempestades
De todos os Pessoas