29 junho 2011

Cigarrofobia








O que me incomoda é o olhar de quem não fuma _ principalmente de ex-fumantes _ e constatar com que prazer andam sapateando sobre nós. 
A Cigarrofobia está demais. Se acendemos um cigarro num lugar arejado, distante de alguém , por que o sujeito lá da outra ponta faz questão de abanar o ar com as mãos? Não estou de modo algum interferindo no seu espaço aéreo, mas o Cigarrofóbico se dá o direito de me apontar com o dedo em riste!
Nós fumantes estamos nos tornando páreas nessa sociedade insana, onde o Estado paternalista dita atitudes e controla comportamentos, através de maciças campanhas publicitárias. Se eu, adulta, tenho conhecimento dos danos que o fumo me causa, como indivíduo quero o direito de optar.  Me sinto invadida e desrespeitada na minha individualidade e liberdade.
 Por que não permitem a abertura de  bares apenas para fumantes? Simples assim: quem fuma frenquenta esse determinado bar. E os funcionários? Seriam contratados funcionários fumantes. Talvez o receio de todos preferirem o bar da fumaça, inclusive os comerciantes, seja o motivo. 
Os cigarros estão aí sendo vendidos enquanto nós, consumidores, somos encarados como os personagens do filme de ficção Invasores de Corpos: o alienígina ao descobrir que o sujeito era humano, soltava um grunhido e o apontava para sua turma correr atrás! 
Não como carne há anos. Seria uma tremenda arrogância discriminar e acreditar que os carnívoros são menos evoluídos. E olha que entre queimar papel e mastigar animais... 
Dia desses, fui marcada em uma foto numa longa lista postada por uma amiga numa rede social. O assunto desviou para o cigarro. Trocavam palavras de encorajamento para os amigos que tentavam largar o vício, ou que tinham conseguido, e se auto-elogiavam com ênfase no orgulho por nunca terem fumado. Eu, muito enxerida, agradeci a marcação e disse que era fumante. Pra que? Ouvi conselhos, críticas pesadas, algumas bizarras, e quando resolvi me defender dizendo que não era infeliz nem auto-destrutiva, uma das participantes argumentou na histeria da razão que Jesus nunca fumou!
 A loucura que tento colocar, é a paixão desmedida, quase violenta dos politicamente corretos. Esse patrulhamento dos Cigarrofóbicos  é tão nocivo que  tornaram-se viciados em virtudes. Julgando e sentenciando, construindo um perfil para o fumante muitas vezes deturpado. Nem todo fumante é suicída e invasivo, como nem todo não fumante é plenamente feliz e saudável. Os cigarrofóbicos tornaram-se maniqueístas, como num drama de novela mexicana onde há vilões e mocinhos.
Reflitam a respeito da prepotência e intolerância. O fumo não altera o comportamento, e a fumaça pode facilmente ser controlada com bom senso. Educar é melhor que impor!
 Daqui a pouco, qualquer atitude fora dos padrões do ministério da saúde _ que nos adverte _ será considerada subversiva.
E não adianta me convidar, não vou à sua casa se não houver liberdade. O bom senso está implícito!