24 maio 2011

Daniel Ost



Nas mãos de Daniel Ost, flores e plantas tornam-se matéria-prima para esculturas.  Ao dobrar,  amarrar, contorcer, as flores transformam-se em formas deliciosamente inesperadas. Ost cria obras de arte que ultrapassam as fronteiras da flor convencional. Ele aproveita todos os tipos de elementos naturais das folhas às raízes, frutas, videiras, etc-. Suas instalações freqüentemente compartilham uma afinidade com os artistas contemporâneos, como Andy Goldsworthy Issey Miyake Richard Serra.  Recomendo seu livro Leafing through Flowers, tem imagens belíssimas.

Downtown train - Tom Waits



Em 1989 ainda não havia internet. Nós garimpávamos os vinis nas lojas e ficávamos horas curtindo as capas, ouvindo os lps para escolher qual levar. Não sei se foi exatamente neste ano que conheci o som de Tom Waits, mas foi o ano que comprei seu livro editado pela Assírio e Alvim de Portugal. Encomendei,  lembro da ansiedade que me arrebatou esperando chegar o Nocturnos (como ja disse, edição portuguesa). A introdução é de Julio Lisboa, onde conta um pouco da vida de Tom. Foi guarda noturno, mergulhador, garagista, entregador de pizzaria, e por aí vai. A edição é bilingue, vem recheada de fotos e letras das músicas , e por fim  Tom Waits por Tom Waits, onde alí o conheci um pouco melhor. Ele adora Bukowski, é seu ídolo. Essa geração beat  foi toda muito inspiradora. Para mim, Tom Waits é um performático que interpreta o que observa e o que vive. Ao contrário de outros sons que  anos atrás eu curtia e hoje acho bem chatinho, Tom Waits continua empolgando. Não posso deixar de dizer que procurar "aquele livro" e encontra-lo, foi um prazer inenarrável! Pra encerrar, a frase que Tom deixou para sua lápide -"Bem que avisei que estava doente".

curta metragem Ilha das flores



De forma ácida e com uma linguagem quase científica, o curta mostra como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos. O próprio roteirista e diretor Jorge Furtado já afirmou em entrevista que o texto do filme é inspirado em suas leituras de Kurt Vonnegut ( "Breakfast of Champions") e nos filmes de Alain Resnais ( "Mon Oncle d'Amérique"), entre outros.

O filme já foi acusado de "materialista" por ter, em uma de suas cartelas iniciais, a inscrição "Deus não existe". No entanto, o crítico Jean Claude Bernardet (em "O Cinema no século") definiu Ilha das Flores como "um filme religioso" e a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu ao filme o Prêmio Margarida de Prata, como o "melhor filme brasileiro do ano" em 1990. Em 1995, Ilha das Flores foi eleito pela crítica européia como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século.O documentário é de 1989.
O curta está listado no livro "1001 Filmes para Ver antes de Morrer", organizado por Steven Jay Schne.
A primeira vez que ouvi falar no curta foi na casa de meu filho há alguns anos e não me interessei. Não queria ver sofrimento nem miséria, e deixei o filme de lado. É incrível como em algumas fases de nossas vidas cometemos essa vergonhosa fuga da realidade. Anos depois  procurei, e assisti. O momento alienante-preguiçoso daquele dia me fez perder anos para me deliciar com o filme. Um olhar atento nas muitas formas de realidade é imprescindivel.  Seja num filme, seja de manhã, numa esquina não filmada.

poema inédito de Herberto Helder

Os cães gerais ladram às luas que lavram pelos desertos fora,
mas a gota de água treme e brilha, 
não uses as unhas senão nas linhas mais puras,
 e a grande Constelação do Cão galga através da noite do mundo cheia de ar e de areia 
e de fogo, 
e não interrompe ministério nenhum nem nenhum elemento, 
e tu guarda para a escrita a estrita gota de água imarcescível
contra a turva sede da matilha, 
com tua linha limpa cruzas cactos, escorpiões, árduos buracos negros: 
queres apenas 
aquela gota viva entre as unhas, 
enquanto em torno sob as luas os cães cheiram os cus uns aos outros 
à procura do ouro.

Me sinto mais velha...Dylan hoje completa 70 anos!

Fotografia Cartier - Bresson





Henry Cartier- Bresson tem uma história de vida singular. Super jovem com vinte e poucos anos viajou para a Africa onde passou um ano como caçador. Ficou doente e voltou para França. Foi nessa época que realmente descobriu a fotografia. Estorou a Segunda Guerra Mundial, foi preso, e na terceira tentativa de fuga, conseguiu escapar. Fez parte da Resistência Francesa, Quando acabou a guerra, fundou uma agência fotográfica e aí não parou mais.Fotografou os últimos dias de Gandhi, foi o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registrar a vida na União Soviética de maneira livre, fotografou os eunucos imperiais chineses logo após a revolução cultural, enfim, foi um dos mais importantes fotógrafos do século XX, considerado por muitos como o pai do fotojornalismo.Nasceu em 1908 e morreu em 2004.
Gosto tanto de seu trabalho, que cada fotografia que olho crio uma história, o começo,o meio, ou o final de um poema, talvez um filme. A luz e a força do momento que ele captura e eterniza  na imagem é sem dúvida o mistério de sua arte.