24 junho 2011

Zeitgeist



 Zeitgeist é um movimento social de escala mundial, que propõe mudanças  na forma de encarar o mundo. Um de seus maiores objetivos , é para que a sociedade moderna transite de uma economia baseada em dinheiro para uma economia baseada em recursos. É o braço ativista do Projeto Vênus, que é o trabalho da vida do engenheiro social e "designer" Jacque Fresco. Desde de 2010, o movimento tem mais de 400 mil membros. 
O Movimento Zeitgeist tem o seu nome tirado dos documentários produzidos por Peter Joseph.
Zeitgeist, o Filme (mas que oficialmente, não faz parte do movimento), estreou em 2007 e a sequência, Zeitgeist: Addendum, estreou em 2008. Um terceiro filme Zeitgeist: Moving Forward, que estreou em Janeiro de 2011, é o que está postado aqui. 
Neste documentário Peter Joseph afirma que o tema está focado no comportamento humano, tecnologia e racionalidade, assim como nos mostra exemplos de como uma real mudança poderá ser dada a esta nova sociedade. Desconfio de qualquer espécie de instituição, seja religiosa, econômica, política, e principalmente monetária. 
O movimento Zeittgeist é revitalizante, por mais utópico que possa parecer frente à uma sociedade acomodada , preguiçosa, individualista, ou miserável demais para se dar ao luxo de pensar sobre problemas existencias e planetários.
Segue  o link abaixo do movimento no Brasil.


23 junho 2011

Pimpão Triste



Aconteceu uma coisa estranha comigo. Quando ouço uma música _ como a maioria de nós _   tenho as sensações habituais:  saudade de uma época  ou de um lugar, enfim, os sentimentos extarordinários que ela nos remete a reviver. Se é um novo som, curtimos e queremos ouvir mais e mais. Se não gostamos é fácil, não ouvimos. A música não é invasiva, a não ser quando o sujeito que a está ouvindo, é! Aí temos que aguentar o som estridente do carro ao lado, a má sorte de ter um vizinho pagodeiro, ou um radinho descontrolado enlouquecendo quem está por perto. Existem sons tão comoventes que nosso corpo vibra com tal força, que é ela, aquela música que conta nossa história. Mas deixarei os devaneios e vou contar o que me aconteceu. Numa noite dessas estava com a parafernália ligada: ouvindo música no youtube, a tv com o som baixo, e conectada no facebook. O silêncio e o isolamento quebrados de todas as formas. Até aí, tudo bem, muita gente vive assim rotineiramente. Mas eu não. Moro no campo, e a casa é quieta. Não há barulhos externos e muitas e muitas vezes fico no silêncio. Gosto! Os sons são do rio, do vento, dos bichos: um latido que ressoa lá de longe, desencadeando uma audição canina em série, sapos que cantarolam depois da chuva _ muito chatos, insuportáveis _  coruja piando, cavalo que relincha, gato que mia, e assim se arrasta a ladainha rural por noite adentro. E há os momentos de silêncio absoluto, só rompido pelo pensamento. Mais radical ainda quando fico alí, sem pensar, sem som algum. Mas nessa noite que estava conectada virtualmente, ouvindo e vendo e conversando, conheci uma música de nome engraçado chamada Pimpão Triste. Comecei a escuta-la porque foi postada no face por um amigo compositor _  era uma lista longa, com várias composições suas, e estava ouvindo já há algum tempo _  o Pimpão Triste estava lá entre elas. Foi hilário, desandei a chorar compulsivamente, sem a menor predisposição, não faria isso em condições tão normais como aquela. Nem sentia algo por ela! Não tínhamos aparentemente nenhuma química e fiquei inquieta, perplexa pelo Pimpão me fazer soluçar. Que diabos era aquilo? O som do violino entrava na minha garganta e dava nó, até torcer a alma e eu chorar! O desconforto que uma emoção anárquica nos provoca, é um susto! Resolvi parar de ouvir por total estranhamento. Diante daquela cena quixotesca, fui aumentar o som da tv. Olhei para a tela do computador, lá estava ela, a música! Já refeita, e passado o constrangimento, fui ouvir mais uma vez o Pimpão Triste, como quem cutuca um formigueiro descalço, com cuidado! Fiquei olhando para mim, esperando altiva minha total indiferença. Comecei a ouvi-la, e claro, a  desmontar como uma perfeita idiota. Desisti. Morro de medo do Pimpão Triste. Não consigo racionalizar o que sinto quando a ouço. O que será que o  inspirou quando compunha? Seria um palhaço? Palhaços são tristes, ou o Pimpão era o seu cachorro? Talvez um apelido de um amigo de escola, pobrezinho! Será que o nome Pimpão que me deixou tão perplexa? A melodia é bela e triste. Mas que tristeza é essa! Se é minha, então que me conte. Mas não, chóro o choro de um pimpão triste! E mais, não sou de chorar por pimpões, nem mesmo alegres. Me diga, você ja chorou por uma melodia: sem passado, sem futuro, e solta no seu presente, porque até saudade do que nunca vivemos se tornou clichê, agora, lágrimas de verdade, e desbragadamente como se fosse outro alguém a nos chorar!
Ah, preciso saber de mais pessoas que vivenciaram isso!  

LinkPimpão Triste

17 junho 2011

O sebo

Olho para os livros comportados nas prateleiras. Como são bonitos! Acredito que seja  o único objeto que não admitimos tratar como tal. Seria um perjúrio contemplar  a coleção dos Imortais da Literatura, edição em couro, os títulos lavrados em relevo, aquela potência de mais de noventa volumes e não se sentir feliz . Ter livros é uma necessidade, uma referência. É o cenário em que cresci. Como gostar de plantas e animais de estimação. Foram muitas as estantes, nos mudávamos e as caixas abarrotadas de livros se mudavam com a gente. E assim mantenho a tradição. O Livro não é objeto comum, claro que não. Eles compõem o ambiente, trazem aconchego e personalidade. Fico meio desapontada quando vou à casa de alguém, bato o olho e há aquele deserto de muitos móveis, telas e tapetes. Se não houver nem um punhado de livros, desconfio no ato! E se houver, dependendo dos títulos, desconfio ainda mais! 
Trabalhei uma época numa livraria e sebo. Constatei algumas curiosidades sobre a vida que pulsa num comércio como esse. Uma delas é que nós, mulheres brasileiras, lemos muito pouco. A grande maioria das frequentadoras eram mães sempre mal humoradas e apressadas com listas de livros escolares, puxando seus filhos pelo braço, sem tempo para olhar nos nossos olhos, quanto mais para livros. Ou jovens atrás de edições de segunda mão para leitura acadêmica, na maioria estudantes de sociologia, psicologia e direito. As leitoras que buscavam genuinamente um livro para ler, corriam para a sessão de auto- ajuda, ou best-sellers de uma autora muito requisitada, Norma sei la o quê  _  ja não me lembro o nome _  uma leitura de gosto duvidoso, garanto! O top de vendas eram os livros espíritas. Passavam reto pelo corredor de literatura, filosofia, sem sequer pestanejarem. Os esotéricos também faziam bastante sucesso entre as mulheres, ficavam próximos à turminha da auto-ajuda. As estrangeiras lêem mais. Elas sim, na maioria senhoras atrás de pocket books. Mas não fugiam muito dos tradicionais romances água com açúcar. Quando entrava um casal, variavelmente os homens ficavam mais tempo nos títulos,  as mulheres dispersavam e logo iam para a sessão de dvds e cds. Mães de criancinhas também eram boas clientes atrás de livrinhos que dobram, cortam, a figura pula, ou tomam banho com a criança _ aqueles de almofadinha de borracha _. Decoradoras de festas, e também o pessoal que alugava estantes inteiras para cenário, eram bem práticos. -" Quero duas estantes desses livros velhos em couro nos tons marrom e preto". 
Eram três lojas, e trabalhei em todas elas _ fazia rodízio _. Algumas funcionárias muito mais experientes que eu, sabiam tudo sobre todos os títulos e temas. Mas não liam... Era como vender qualquer coisa: sabonete, roupa, bichinho de pelúcia, um trabalho como outro qualquer, e a força do hábito às ensinava a conhecer o lugar onde estava Ésquilo, Arthur Rimbaud, ou Zíbia Gasparetto. Era muito bom trabalhar na livraria, tinha desconto e comprava por uma pechincha. Fora os autores que não conhecia. Quando procurava para um cliente e ele deixava o livro em minhas mãos, tinha a sensação muitas vezes, de ser uma trama do destino para eu abri-lo. Gostava mesmo era dos clientes compulsivos, compravam livros pelo prazer de ler, ter, de possuir ou serem possuídos, não sei bem. Eram bons de conversa. Valia tudo: o cheiro, a capa, tamanho, cor, textura, era uma delícia assistir e compactuar com todo processo. Não saiam com menos de dez livros, e voltavam em dois, três dias, no máximo em uma semana. Um jornalista que fiquei amiga, era um desses, e sempre livros de romances policiais. Tinha todos e queria mais e mais. Me contou que alugou um apartamento no prédio em que morava, dois andares abaixo do seu, para os livros habitarem, já que o casamento estava em crise, tal sua obssessão e compulsão. Assim, resolveu o problema. Os livros eram uma espécie de  amante.
Contrariando o esteriótipo do paulistano  _ apressado, frio e individualista _ as pessoas na maioria, eram afáveis, dispostas a conversar sobre  livros, e muitas vezes refletir sobre a vida. Aos domingos famílias inteiras passeavam, e haviam também os solitários. Esses, entravam na loja com passos mansos, de bem com a vida, curtindo uma manhã em livrarias e se levando para passear.
Uma das situações que me comovia, era abrir um livro e encontrar uma foto, ou carta, às vezes uma dedicatória especial carregada de emoção, e ficava pensando como aquele livro , que um dia foi a representação de um sentimento, foi descartado pela vida.
Havia os gatunos. Alguns conhecidos na praça. Ladrões de livros e cds. Recebia um telefonema das outras lojas para ficar de olho que fulano estava na área. Nunca percebi nada. Nos sebos é tradição pechinchar na hora de pagar. Quando eram estudantes sempre que podia dava largos descontos, acho justo. 
Tinha os ambulantes que passavam todos os dias vendendo tortinhas, doces, pães caseiros, era mesmo tentador.
Haviam os famosos chatos figurinhas conhecidas no pedaço.. Ficavam horas, bagunçavam os livros, falavam demais e dificilmente levavam alguma coisa. 
Acreditava que um bom livro valesse um preço justo, mas não é assim. São comprados pelos donos dos sebos a preço de banana. .A avaliação do lote é pelo título, estado de conservação e se é de venda fácil. Uma dica: se for vender livros para o sebo, leve aos poucos, quanto maior o volume, menor o preço. Vale também para livros de arte, e para os mais raros. A burocracia para você doar às bibliotecas faz com que as pessoas desistam e acabem despachando nos sebos. No interior onde moro, não há livraria nem sebo, apenas uma papelaria com alguns livros. É uma pena, faz falta! 



  

16 junho 2011

Social Smokers





Os Smokers são um grupo de Spoken Word que reune slammer's, músicos e um vídeo/artista. Formou-se em Out de 2009 e edita em Dezembro de 2010 a sua primeira obra; o cd/livro/dvd - Magnetic Poetry (ed. transformadores)

"A poesia não ocupa agenda, a poesia mal ocupa livrarias, mal ocupa pessoas, a poesia ocupa bibliotecas, a poesia ocupa poetas e editores de boa vontade. A palavra – poesia – arrepia o mais apto dos sentinelas, provoca um misto de respeito e desconfiança. A poesia é uma baia – mulher morena ou barrote a separar cavalos, é escolher nas feiras dos manuseados. A poesia mal sai à rua, mal conhece pessoas novas. O Musicbox quis botar linha nesta narrativa do isolamento" ( Social Smokers).

Os Social Smokers são um projeto transversal que cruza a música, o vídeo e a poesia num formato spoken word nascido da descoberta da Poetry Slam. O grupo formou-se em outubro de 2009 e editou recentemente o Livro /Cd /Dvd 'Magnetic.
 Postei todos esses nomes técnicos para deixar bem informado quem entende. Particularmente, posso dizer que os Smokers me parece um grupo de rap português, trazendo como diferencial a poesia bem elaborada. Uma iniciativa válida e estimulante para tirar do isolamento jovens poetas e encontrarem uma forma de expressão integrada com som e imagem, mais participativa e divertida. 

Website

15 junho 2011

Pina Bausch


Considerada por muitos a maior artista do século, Pina Bausch revolucionou a dança. A mãe da dança teatro, com seu particular processo de criação. Uma contadora de histórias, suas coreografias eram baseadas nas experiências de vida de seus bailarinos. Seus temas mais recorrentes eram as interações entre masculino e feminino. Uma inspiração para Pedro Almodóvar, em cujo filme Fale com ela, Pina aparece numa bela sequência de dança. A importância de Pina como pessoa e criadora para o cenário artístico mundial vira documentário em filme 3D de Win Wenders. Confira o trailer.


13 junho 2011

O Conde

Nos tempos modernos, na ausência dos bestiários medievais, os vampiros que fazem as mocinhas suspirarem são muito chatinhos. Não sugam sangue humano. O vampiro bom moço, de carrão e adolescente, se alimenta de animaizinhos da floresta. Escolheu passar a infinidade de seus dias jogando beisebol e frequentando o colegial. Enterrar o canino na aorta, só para os coadjuvantes. Mocinhas que cresceram informatizadas suspiram almejando a juventude eterna ao lado do grande amor imortal. A moral vencendo o instinto, sobrepujando o desejo incontido da mordida fatal na jugular. Ah o bom e velho Drácula dos filmes branco e preto! A névoa encobrindo o castelo, uma lua alucinada correndo à velocidade do grito contido, o único rastro de luz no breu do desejo e o medo. Onde está o garboso Príncipe das Trevas dos pesadelos de minha infância? Copo com água , réstia de alho, e a espera. Dormir com o travesseiro sobre a cabeça protegendo o pescoço, minha condição humana ameaçada, o terço de minha mãe pendurado na cabeceira da cama. O aparato completo. A estaca, um sonho de consumo! Rezava para o anjo da guarda me proteger, e rezava para o Conde Drácula me querer. Um teste de fé: seria eu  forte o suficiente para dete-lo e, caso me tornasse um ser abissal, como viveria esse mundo? Suportaria ser um deles? Olhos vermelhos, cabelos negros, a pele muito branca e uma vestimenta bem mais atraente que a de costume.
Ultimamente o vampiro vive na América, a Transilvânia se encolheu ao passado junto com Bram Stoker. Quando eu atingia o limite do pavor, era necessário que atravessasse o mais longo e extenso dos corredores que conheci. Nele, habitavam as sombras, mãos que roçavam meus braços, puxavam meus pés, arrastavam-se silenciosas no tapete sob meu corpo até conseguirem manter-me de olhos fechados e lábios selados pelo pavor. Naquele turbilhão de horrores _ que acontecia variavelmente nas noites em que pensava Nele _  já no meio do caminho, quase exaurida pelo pânico, estava o Tabú, meu cão que alí descansava tranquilo. Não mais tremia tanto e conseguia galgar os próximos passos com maior dignidade. Ir de encontro ao grande portal. À salvação!  Deitar no céu, na cama entre meus pais. Como era bom! 

David LaChapelle


Cores saturadas, polêmico, pop, exagero e estático, este é David LaChapelle. Um dos fotógrafos mais prestigiados do nosso tempo, conquista celebridades e as fotografa ousando em cores e no estático, cenários montados e surrealidade são praticamente seu sobrenome! Apostando nas fantasias cômicas e na beleza bizarra, foi considerado pelo New York Times o Fellini da fotografia. É uma verdadeira ostentação do surreal, é uma mistura de tons fortes, o vulgar, o inferno, o sagrado e o nonsense.







12 junho 2011

Manuel de Freitas, o poeta que capitanea o movimento cultural que acontece em Portugal



Manuel de Freitas

Ode à noite inteira

Gosto do momento exacto, ou nem por isso,
que se torna possível colar cartazes nas paredes ao lado dos meus ombros (espero
o autocarro, vejo devagar, sorrio). Mas, 
gosto, subretudo dos cães quase sem dono
que roçam as esquinas, pisando restos de garrafas
- ou das pessoas que desconheço
e das bebidas todas que ignoro
( porque me matam menos e se chamam 
- como eu - insônia, pesadelo, golpe baixo).

Existem,claro, raparigas louras um tanto
heterodoxas que não te apetece beijar
( a força do baton, perfeita - o cigarro aceso
pedindo outro lume). Essas mesmas que hão-de
um dia procriar com zelo, evitando rugas,
tumores e o mundo como representação misógina.
Mais lírica, sem dúvida, é a lavagem das ruas,
com a cerveja a premiar a farda
demasiado verde e os bigodes de serviço.

Outros, alguns, tornam concreto o torpor
de um charro e pedem-te em crioulo básico
um cigarro português que tu vais dar,
sem esforço nem palavras. Entre shots, piercings,
t-shirts de Guevara e gel, podes não acreditar
por algumas horas no axioma frágil do teu corpo.
Esfuma-te, como eles, no espelho de um bar
qualquer, país de enganos e baratas. E
quase gostas disso, quase: a música de punhais,
servil um certo e procurado desencontro.
Um táxi te ensinarás depois o caminho de casa
-ou o eu contrário, pois só ali ( anônimo
e desfocado ) eras finalmente tu, ou podias ser.

O resto, a vida, fica para outra vez.

                                                           Manuel de Freitas


Manuel de Freitas nasceu em Valé de Santarém, Portugal em 1972. É poeta, editor e crítico literário. Vive em Lisboa desde 1990 tendo publicado seu primeiro livro de poemas em 2000.
Dirige a pequena editora Averno e é um dos diretores da revista Telhados de Vidro, publicação da editora. Em 2002 organizou a antologia Poetas sem Qualidades, obra que acabaria por contribuir  para uma acesa polêmica sobre os caminhos da poesia portuguesa surgida nos últimos anos.

Blog da editora Averno:  editora-averno.blogspot.com

11 junho 2011

Pipoca no Tango



Gênero por excelência quando se trata de identificar musicalmente a cidade de Buenos Aires e a Argentina no exterior, o tango goza novamente de boa saúde. Isto se deve boa parte ao surgimento do tango eletrônico, propulsado pelo Gotan Project e outros grupos, que levaram o ritmo a lugares não tradicionais como as discotecas e raves. O eletrotango nasceu do encontro de instrumentos tradicionais do dois por quatro -como o bandonéon- com os computadores e os samplers, que permitem manipular seqüências de sons. Me gusta!